2013-02-01

Um e-reader por aluno (atualizado)

Hoje em dia, uma pequeníssima parcela da população tem o privilégio de crescer em uma casa com livros. Uma estante cheia de livros? Nem pensar.

Mas isso já pode mudar.

Por apenas R$ 200 já seria possível oferecer a cada estudante brasileiro um e-reader, como o Kindle, o Nook, o Kobo, ou outros concorrentes genéricos. Cada um deles pode carregar milhares de obras, e algum deles permitem acesso à wikipedia -- a maior biblioteca do mundo.

Aqui está, apenas como exemplo, uma lista de 60 obras em domínio público que poderiam ser distribuidas gratuitamente, em formato digital, para todos os estudantes brasileiros:

* Gilgamesh da Mesopotâmia, (c 1800 aC)
* A Ilíada de Homero, na Grécia, (c 700 aC)
* Mahabharata, Índia, (c 500 aC)
* Medéia de Eurípides, na Grécia, (c 480-406 aC)
* Metamorfoses de Ovídio, Itália, (c 43 aC)
* A Odisséia de Homero, na Grécia, (c 700 aC)
* O Ramayana por Valmiki, Índia, (c 300 aC)
* A Eneida de Virgílio, Itália, (70-19 aC)
* Édipo Sófocles Rei, Grécia, (496-406 aC)
* O Livro de Jó, Israel. (600-400 aC)
* Vidas Paralelas, de Plutarco, Roma (46-120)
* Meditações de Marco Aurélio, Roma (121—180)
* Visuddhimagga de Budagosa, Sri Lanka (c 430)
* O Mathnawi por Jalal ad-Din Rumi, Afeganistão, (1207-1273)
* A Divina Comédia de Dante Alighieri, Itália, (1265-1321)
* Decameron de Giovanni Boccaccio, Itália, (1313-1375)
* Os Contos de Canterbury de Geoffrey Chaucer, Inglaterra, (1340-1400)
* Mil e Uma Noites, Índia / Irã / Iraque / Egito (700-1500)
* Gargantua e Pantagruel por François Rabelais, França, (1495-1553)
* Os Ensaios de Michel de Montaigne, França, (1533-1592)
* Don Quixote de Miguel de Cervantes Saavedra, Espanha, (1547-1616)
* Hamlet de William Shakespeare, na Inglaterra, (1564-1616)
* Rei Lear de William Shakespeare, na Inglaterra, (1564-1616)
* Otelo, de William Shakespeare, na Inglaterra, (1564-1616)
* As Viagens de Gulliver de Jonathan Swift, Irlanda, (1667-1745)
* A Vida e Opiniões de Tristram Shandy por Laurence Sterne, Irlanda, (1713-1768)
* Jacques, o Fatalista e o Seu Mestre por Denis Diderot, França, (1713-1784)
* Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, na Inglaterra, (1775-1817)
* Fausto de Johann Wolfgang von Goethe, na Alemanha, (1749-1832)
* Os poemas completos de Giacomo Leopardi, na Itália, (1798-1837)
* O Vermelho e o Negro de Stendhal, da França, (1783-1842)
* Morro dos Ventos Uivantes por Emily Brontë, Inglaterra, (1818-1848)
* Os Contos Completos de Edgar Allan Poe, Estados Unidos, (1809-1849)
* Old Goriot por Honoré de Balzac, na França, (1799-1850)
* Almas Mortas de Nikolai Gogol, Rússia, (1809-1852)
* Grandes Esperanças de Charles Dickens, na Inglaterra, (1812-1870)
* Contos de fadas e histórias de Hans Christian Andersen, na Dinamarca, (1805-1875)
* A Educação Sentimental de Gustave Flaubert, França, (1821-1880)
* Madame Bovary de Gustave Flaubert, França, (1821-1880)
* Middlemarch de George Eliot, Inglaterra, (1819-1880)
* Os Irmãos Karamazov de Fiódor Dostoievski M, Rússia, (1821-1881)
* Crime e Castigo de Fiódor Dostoievski M, Rússia, (1821-1881)
* O Idiota de Fiódor Dostoievski M, Rússia, (1821-1881)
* O Possuído por Fyodor Dostoyevsky M, Rússia, (1821-1881)
* Moby-Dick, de Herman Melville, Estados Unidos, (1819-1891)
* Folhas de Relva de Walt Whitman, Estados Unidos, (1819-1892)
* Histórias selecionadas por Anton Chekhov P, Rússia, (1860-1904)
* Casa de Bonecas por Henrik Ibsen, da Noruega (1828-1906)
* As Aventuras de Huckleberry Finn de Mark Twain, Estados Unidos, (1835-1910)
* Anna Karenina por Leo Tolstoy, Rússia, (1828-1910)
* A Morte de Ivan Ilitch e Outras Histórias de Leo Tolstoy, Rússia, (1828-1910)
* Guerra e Paz, de Leon Tolstoi, na Rússia, (1828-1910)
* Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust, França, (1871-1922)
* O Castelo de Franz Kafka, Bohemia, (1883-1924)
* As histórias completas de Franz Kafka, Bohemia, (1883-1924)
* Nostromo de Joseph Conrad, Inglaterra, (1857-1924)
* O Processo de Franz Kafka, Bohemia, (1883-1924)
* Os Confissões de Zeno de Italo Svevo, Itália, (1861-1928)
* Os Filhos e Amantes DH Lawrence, Inglaterra, (1885-1930)
* O Livro do Desassossego de Fernando Pessoa, Portugal, (1888-1935)
* Diário de um Louco e Outras Histórias de Lu Xun, China, (1881-1936)
* Romancero gitano de Federico Garcia Lorca, Espanha, (1898-1936)
* Mrs. Dalloway por Virginia Woolf, na Inglaterra, (1882-1941)
* Ao Farol de Virginia Woolf, na Inglaterra, (1882-1941)
* Ulisses, de James Joyce, Irlanda, (1882-1941)

Sem dúvida faltam autores e obras, especialmente brasileiros e portugueses. Mas é uma boa lista para começar, e para demonstrar o potencia da ideia: se cada um desses livros de papel custasse R$ 10, o preço da biblioteca seria de R$ 600. Se quiséssemos distribuir mais 60 obras em portugues, o preço chegaria a R$ 1.200,00. Inviável.

Mas com e-books e leitores digitais o custo é de apenas R$ 200, o equivalente a 20 livros convencionais. Supondo que o e-reader seja usado durante 3 anos, temos um custo inferior a 7 livros por ano.

***

Analise economica

Uma vez que tenhamos optado pela distribuicao de e-readers, por um custo inferior a 7 livros convencionais por ano, resta saber se vale a pena pagar pela traducao do conteudo para que ele possa ser liberado em dominio publico, para beneficio de toda a sociedade.
Tudo depende do ganho de escala.

Supondo que o custo de traducao de uma obra seja de R$ 24 mil; contra um preco de R$ 10 por unidade, no modelo convencional; podemos calcular o numero minimo de leitores para que a iniciativa passe a valer a pena.

Bastam 2400 leitores para que o custo do modelo convencional supere o custo de traducao e distribuicao gratuita de livros digitais livres.

Mas se pensarmos na escala da educacao brasileira, 30 milhoes de alunos, o custo para distribuicao de um livro convencional por aluno chega a R$ 300 milhoes, contra os R$ 24 mil (constante) da obra digital livre. O custo para traduzir as 60 obras listada acima seria inferior ao custo de distribuir uma obra para cada estudante, e isso so' precisaria ser feito uma vez.

Os livros convencionais tambem tem um alto custo de logistica e administracao. Governo e escolas precisam decidir quais livros devem ser distribuidos para quais estudantes, o que pode variar conforme o professor e a classe. Com o modelo digital, todos os livros podem ser distribuidos juntos, sem complicacao.

2012-05-28

Gilmar Mendes degradou o judiciário, como previsão de Dalmo Dallari em 2002

Publicado na Folha de S. Paulo, em 08 de maio de 2002, "em face da notícia de que o presidente da República, com afoiteza e imprudência muito estranhas, encaminhou ao Senado uma indicação para membro do Supremo Tribunal Federal, que pode ser considerada verdadeira declaração de guerra do Poder Executivo federal ao Poder Judiciário, ao Ministério Público, à Ordem dos Advogados do Brasil e a toda a comunidade jurídica".

Escreve Dalmo Dallari:

"Se essa indicação vier a ser aprovada pelo Senado, não há exagero em afirmar que estarão correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional."

"É importante assinalar que aquele alto funcionário do Executivo especializou-se em "inventar" soluções jurídicas no interesse do governo."

"A comunidade jurídica sabe quem é o indicado e não pode assistir calada e submissa à consumação dessa escolha inadequada."

"É assim que se degradam as instituições e se corrompem os fundamentos da ordem constitucional democrática."

http://esquerdopata.blogspot.com.br/2012/05/gilmar-mendes-degradou-o-judiciario.html


  • 2 anos depois veio a primeira investigacao contra Cachoeira. Ele foi inocentado com apoio de uma reportagem de Veja, segundo a qual ele teria sofrido "achaque" por membros da CPI.

  • 6 anos depois, veio o caso Daniel Dantas. Ele foi solto duas vezes por Gilmar Mendes, e a Veja transformou o caso em uma trama de espionagem -- onde Daniel Dantas era a vitima.

  • 10 anos depois, o novo caso Cachoeira. Ele esta' preso, mas a Veja tenta transformar o caso em uma cortina de fumaca para encobrir o julgamento do mensalao. Dessa vez a "vitima" de extorsao e' o Gilmar Mendes?

Quem acredita nisso acredita em qualquer coisa.

2012-05-26

Jobim desmente Veja, e jornalista pede desculpas pela materia

Nao, nao foi o jornalista da Veja que pediu desculpas.

Foi o jornalista Carlos Moreno, que conversou com Jobim e desmentiu Gilmar Mendes.

Vamos repetir.

O repórter conseguiu um furo -- Nelson Jobim desmentindo com detalhes a versão de Veja. Mas se sente obrigado a pedir desculpas por fazer jornalismo e a questionar o que acabou de ouvir valendo-se da "voz estranha". Voz estranha??? Sim. Este e' o argumento usado para dizer que, talvez, Jobim (e nao Mendes!!!) esteja faltando com a verdade:
"Diante do relato de Jobim, eu, como repórter crédulo, diante de fonte tão idônea, poderia me dar por satisfeito e fazer um texto jornalisticamente convencional, tipo " Jobim nega pressão de Lula" ou, como nós furados gostamos de fazer, com muita satisfação: " Jobim DESMENTE a Veja".

Mas, durante a conversa, eu notei a voz estranha do Jobim. Ele estava cumprindo um rito, um protocolo, um dever de anfitrião de evitar mais constrangimento a si e a outros atores do espetáculo. Os bons repórteres, como os meninos da Veja, Cabral á frente, são uma espécie de Eike Batista às avessas: "Vazou, furou". Com a notícia na rua, o encontro secreto de Jobim, que tinha um proposito, pode ter outro, o de tentativa de coação de juíz ou coisa que valha. Seria coerção? sei lá."

E para tornar toda esta historia ainda mais absurda, agora ficamos sabendo que foi Gilmar Mendes quem pediu o encontro com Lula, intermediado por Nelson Jobim. Do Correio do Brasil:

Gilmar Mendes pede encontro com Lula e depois diz ter sofrido ‘pressão’ do ex-presidente

O ministro do STF Gilmar Mendes pediu o encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 26 de abril. A reunião ocorreu no escritório do ex-ministro de Lula e ex-integrante do STF Nelson Jobim. 

Um mês depois, com o andamento da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, Mendes vai à Veja e, em entrevista, afirma que partiu de Lula o pedido para que o Supremo adiasse o julgamento do processo conhecido como ‘mensalão’.

A assessoria do ex-presidente informa que Lula não pretende comentar as declarações de Gilmar Mendes à revista que, por sua vez, também está envolvida com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, personagem central de um escândalo que envolve governadores, parlamentares, como o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), e empresários, liderados por Fernando Cavendish, ex-proprietário da construtora Delta.

A classica tabelinha entre Veja e Gilmar


Depois da famosa tabelinha Veja-Demostenes-Gilmar, com o grampo sem audio e os dois habeas corpus relampago para Daniel Dantas, a dupla Veja-Gilmar esta' de volta (infelizemente sem o Demostenes).

Na ultima edicao, a revista vem com as duas palavras-chave que costumam desativar o senso critico de seus leitores: "Lula" e "Mensalao".

De acordo com a revista, Lula teria tentado chantagear ninguem menos do que Gilmar Mendes, usando seu poder sobre a CPMI, para tentar postergar o julgamento do mensalao.

Isso mesmo. Tendo indicado 7 dos atuais ministros do STF, a revista quer que seus leitores acreditem que Lula foi conversar sobre o assunto justamente com o ministro indicado por FHC, Gilmar Mendes.

A reportagem tem tres objetivos: primeiro, desacreditar a CPMI. Segundo, colocar mais lenha na eterna fogueira do mensalao. E, terceiro, blindar o Gilmar Mendes.

Como assim, "blindar" o Gilmar Mendes?

Ha' meses tem circulado a informacao na blogosfera de que Demostenes Torres e Gilmar Mendes haviam se encontrado na Alemanha. Coincidentemente a CPMI revelou que Carlinhos Cachoeira tambem esteve na Alemanha, durante o mesmo periodo. E algumas gravacoes mostram membros da quadrilha falando de "Gilmar" -- que, de acordo com a PF, poderia ser Gilmar Mendes.

Ao lancar a historia de que Lula teria feito uma ameaca contra Gilmar Mendes, a Veja procura preparar seus leitores para as noticias que vao surgir -- com a versao de que o ministro do STF seria vitima de uma chantagem.

Detalhe: foi essa a estrategia que a Veja usou, em 2005, para salvar Carlinhos Cachoeira -- ela usou grampos, oferecidos pelo bicheiro, para acusar os investigadores de chantagea-lo.

Naquela epoca a Veja tinha mais credibilidade; as provas contra Cachoeira foram anuladas, e o bicheiro foi inocentado.

Mas hoje sabemos que todos eles fazem parte de uma quadrilha, e a Veja (mais uma vez) tenta melar uma CPMI contra o lider de uma quadrilha. Com a ajuda de Gilmar Mendes.

2012-05-11

Folha defende Veja em editorial

A velha mídia está unida. Primeiro foi O Globo. Agora é a Folha:
"Tampouco surgiu até agora qualquer indício de má conduta que justifique a intimação de jornalistas da revista “Veja” para depor, como almejam setores do PT -que, aliás, não contam com o apoio do Planalto para essa revanche pelos sucessivos escândalos revelados." (Fonte: Editorial)
Vamos lá.

Policarpo Jr trocou mais de 200 telefonemas com Carlinhos Cachoeira. Esta seria razão suficiente para convocá-lo para depor na qualidade de testemunha.

O jornalista, que mantinha relações tanto com Cachoeira quanto com o "mosqueteiro da ética" Demóstenes Torres, pode ajudar a compreender o funcionamento do esquema.

Por essa razão, apenas, não haveria motivos para deixar de chamar o jornalista para depor na CPMI.

Mas a velha mídia tem medo. A Veja deu origem a muitos escândalos, e muitos beberam dessa Cachoeira. Blindar a Veja significa blindar a própria mídia

A imprensa não está acima da lei, e, para que a lei se aplique, ela precisa ser investigada.

Mas a velha mídia não investiga e não quer deixar investigarem.

2012-04-16

A essência da manipulação jornalística

Ontem eu publiquei um resumo da reportagem da Veja. Mas não fiquei inteiramente satisfeito com o resultado.

Estou tentando extrair a essência do artigo, para deixar claro o tamanho do absurdo que a Veja escreveu.

Aqui vai uma versão mais concentrada da manipulação jornalística perpetrada pela Veja:

 

--- 

 

Josef Stalin, o ditador soviético ídolo de muitos petistas, considerava as ideias mais perigosas do que as armas e, por isso, suprimiu-as, matando quem teimava em manifestá-las. Basta uma contrariedade maior para que o espírito de papai Stalin baixe e rasgue a fantasia democrática dos petistas parcialmente convertidos ao convívio civilizado.

 

Como formigas guiadas por feromônios, os militantes de todos os escalões, de ministros de estado aos mais deploráveis capangas pagos com dinheiro público na internet, vão, seguindo a cartilha stalinista, fazer valer as versões sobre os fatos.

 

Esse truque funcionou na União Soviética, funcionou na Alemanha nazista, funcionou na Itália fascista de Mussolini, por que não funcionaria no Brasil?

 

Bem, ao contrário dos laboratórios sociais totalitários tão admirados por petistas, o Brasil é uma democracia, tem uma imprensa livre e vigilante, um Congresso eleito pelo voto popular e um Judiciário que, apesar de fortemente criticado recentemente, tem demonstrado independência e vigor doutrinário.

 

Isso significa que para o delírio se materializar é preciso neutralizar as instâncias democráticas, calando-as ou garantindo que a estridência radical petista supere as vozes da razão e do bom-senso.

 

A CPI é o melhor instrumento que a falconaria petista poderia dispor -- pelo menos antes de conseguirem suprimir logo a imprensa livre, o Judiciário independente e o Parlamento, fósseis de um sistema burguês de dominação que está passando da hora de ser superado pelo lulopetismo.

 

Mas, enquanto o triunfo final não vem, os falcões petistas vão se contentar em usar a CPI para desmoralizar todos os personagens e forças que ousem se colocar no caminho da marcha arrasadora da história.

 

Lula e os falcões petistas querem emascular a imprensa independente no Brasil.

 

Surge agora uma oportunidade tão eficiente quanto a censura, com a vantagem de se obter a servidão acrítica da imprensa sem recorrer a nenhum mecanismo legal que possa vir a ser identificado com a supressão da liberdade de expressão.

 

Papai Stalin ficaria orgulhoso dos pupilos.

 

Motivo mesmo para uma CPI seria investigar os milionários repasses de dinheiro público que o governo e suas estatais fazem a notórios achacadores, chantagistas e manipuladores profissionais na internet. Fica a sugestão.

 

Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/eles-querem-apagar-o-mensalao

 

---

 

Esta é a base. A partir daí, podemos retirar a essência:

 

"A CPI [do Cachoeira] é o melhor instrumento que a falconaria petista poderia dispor para suprimir a imprensa livre, o Judiciário independente e o Parlamento. Motivo mesmo para uma CPI seria investigar os achacadores, chantagistas e manipuladores profissionais na internet. Fica a sugestão."

 

 

Aí está! A essência da manipulação em seu estado mais puro!

A Veja não apenas pretende acabar com a CPI do Cachoeira, sugerindo que ela é uma ameaça a liberdade de imprensa, como pede uma CPI contra os blogs, em um nítido ataque à liberdade de expressão.

2012-04-02

Civita e Murdoch: a Veja é o nosso News of the World

Na Inglaterra, um panfleto de Rupert Murdoch foi pego com grampos ilegais, obtidos através do relacionamento de seus jornalistas com policiais. Quando isso foi descoberto, seus leitores ficam escandalizados, anunciantes abandonaram a publicação, e o jornal foi fechado.

No Brasil, o panfleto de Roberto Civita obteve grampos ilegais através de seu relacionamento com uma organização criminosa, selecionou informações para atingir seus adversário, ocultou o que não era de seu interesse, transformou um dos membros da quadrilha em "herói da ética", ajudou a melar investigações... E tudo fica como está???

A Veja não apenas *usou*, mas *ajudou* a promover os interesses de uma rede criminosa.

A Veja *faz parte* de uma rede criminosa.

Exemplos:

A Veja deu as páginas amarelas para o Arruda falar de ética -- e declarou que ele havia "dado a volta por cima", lutava contra a corrupção, etc. O Arruda era, na época, um dos possíveis vices do Serra na chapa "vote em um careca e leve dois". Será que os repórteres investigativos da Veja não sabiam dos crimes do Arruda? Se sabiam porque nunca noticiaram?

A Veja deu as páginas amarelas para o Demóstenes bradar contra a corrupção, chegando a afirmar que ele era um dos "mosqueteiros da ética", um dos poucos que salvavam o congresso da corrupção. Eles não sabiam do seu esquema com Carlinhos Cachoeira? Se sabiam, porque não noticiaram?

A Veja deu capas e mais capas para atacar a Operação Satiagraha e melar as investigações contra Daniel Dantas. Uma das reportagens usou um grampo envolvendo ninguém menos que.... Demóstenes Torres.

Policarpo Jr. mantinha relações com Carlinhos Cachoeira. Mais de 200 telefonemas registrados em um ano. Ele sabia do esquema do bicheiro. Por que nunca denunciou? É normal uma revista manter uma relação tão longa com uma organização criminosa, exaltando um de seus membros no senado, etc?

***

Em 2010 a Veja dedicou inúmeras capas para denunciar Dilma como corrupta, mentirosa, e incompetente; Serra era vendido como um político sério e competente (apesar de todos os sinais em contrário, que eu fui mandando ao longo do ano -- exemplo: tempo de desencompatibilização, escolha do vice, campanha sórdida, etc). O que você chama de "liberdade de imprensa" foi, na realidade, uma campanha de assassinato de reputação -- que, felizmente, falhou.

Imagine se o Serra tivesse vencido as eleições de 2010, e a Dilma ficasse marcada como corrupta, mentirosa, e incompetente, pelo resto da vida?

***

Eu sempre disse que a Veja usava métodos criminosos; o que estamos vendo, agora, é que ela não apenas usava métodos criminosos, mas também estava diretamente envolvida num esquema criminoso.

2012-02-23

E-readers na educação

Hoje em dia, uma pequeníssima parcela da população tem o privilégio de crescer em uma casa com livros. Uma estante cheia de livros? Nem pensar.

Mas isso já pode mudar.

Por US$ 100 (R$ 180) já seria possível oferecer a cada estudante brasileiro um e-reader, como o Kindle, o Nook, o Kobo, ou outros concorrentes genéricos. Cada um deles pode carregar milhares de obras, e algum deles permitem acesso à wikipedia -- a maior biblioteca do mundo.

Aqui está, apenas como exemplo, uma lista de 60 obras em domínio público que poderiam ser distribuidas gratuitamente, em formato digital, para todos os estudantes brasileiros:


* Gilgamesh da Mesopotâmia, (c 1800 aC)
* A Ilíada de Homero, na Grécia, (c 700 aC)
* Mahabharata, na Índia, (c 500 aC)
* Medéia de Eurípides, na Grécia, (c 480-406 aC)
* Metamorfoses de Ovídio, Itália, (c 43 aC)
* A Odisséia de Homero, na Grécia, (c 700 aC)
* O Ramayana por Valmiki, Índia, (c 300 aC)
* A Eneida de Virgílio, Itália, (70-19 aC)
* Édipo Sófocles Rei, Grécia, (496-406 aC)
* O Livro de Jó, Israel. (600-400 aC)
* O Mathnawi por Jalal ad-Din Rumi, Afeganistão, (1207-1273)
* A Divina Comédia de Dante Alighieri, Itália, (1265-1321)
* Decameron de Giovanni Boccaccio, Itália, (1313-1375)
* Os Contos de Canterbury de Geoffrey Chaucer, Inglaterra, (1340-1400)
* Mil e Uma Noites, Índia / Irã / Iraque / Egito (700-1500)
* Gargantua e Pantagruel por François Rabelais, França, (1495-1553)
* Os Ensaios de Michel de Montaigne, França, (1533-1592)
* Don Quixote de Miguel de Cervantes Saavedra, Espanha, (1547-1616)
* Hamlet de William Shakespeare, na Inglaterra, (1564-1616)
* Rei Lear de William Shakespeare, na Inglaterra, (1564-1616)
* Otelo, de William Shakespeare, na Inglaterra, (1564-1616)
* As Viagens de Gulliver de Jonathan Swift, Irlanda, (1667-1745)
* A Vida e Opiniões de Tristram Shandy por Laurence Sterne, Irlanda, (1713-1768)
* Jacques, o Fatalista e o Seu Mestre por Denis Diderot, França, (1713-1784)
* Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, na Inglaterra, (1775-1817)
* Fausto de Johann Wolfgang von Goethe, na Alemanha, (1749-1832)
* Os poemas completos de Giacomo Leopardi, na Itália, (1798-1837)
* O Vermelho e o Negro de Stendhal, da França, (1783-1842)
* Morro dos Ventos Uivantes por Emily Brontë, Inglaterra, (1818-1848)
* Os Contos Completos de Edgar Allan Poe, Estados Unidos, (1809-1849)
* Old Goriot por Honoré de Balzac, na França, (1799-1850)
* Almas Mortas de Nikolai Gogol, Rússia, (1809-1852)
* Grandes Esperanças de Charles Dickens, na Inglaterra, (1812-1870)
* Contos de fadas e histórias de Hans Christian Andersen, na Dinamarca, (1805-1875)
* A Educação Sentimental de Gustave Flaubert, França, (1821-1880)
* Madame Bovary de Gustave Flaubert, França, (1821-1880)
* Middlemarch de George Eliot, Inglaterra, (1819-1880)
* Os Irmãos Karamazov de Fiódor Dostoievski M, Rússia, (1821-1881)
* Crime e Castigo de Fiódor Dostoievski M, Rússia, (1821-1881)
* O Idiota de Fiódor Dostoievski M, Rússia, (1821-1881)
* O Possuído por Fyodor Dostoyevsky M, Rússia, (1821-1881)
* Moby-Dick, de Herman Melville, Estados Unidos, (1819-1891)
* Folhas de Relva de Walt Whitman, Estados Unidos, (1819-1892)
* Histórias selecionadas por Anton Chekhov P, Rússia, (1860-1904)
* Casa de Bonecas por Henrik Ibsen, da Noruega (1828-1906)
* As Aventuras de Huckleberry Finn de Mark Twain, Estados Unidos, (1835-1910)
* Anna Karenina por Leo Tolstoy, Rússia, (1828-1910)
* A Morte de Ivan Ilitch e Outras Histórias de Leo Tolstoy, Rússia, (1828-1910)
* Guerra e Paz, de Leon Tolstoi, na Rússia, (1828-1910)
* Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust, França, (1871-1922)
* O Castelo de Franz Kafka, Bohemia, (1883-1924)
* As histórias completas de Franz Kafka, Bohemia, (1883-1924)
* Nostromo de Joseph Conrad, Inglaterra, (1857-1924)
* O Processo de Franz Kafka, Bohemia, (1883-1924)
* Os Confissões de Zeno de Italo Svevo, Itália, (1861-1928)
* Os Filhos e Amantes DH Lawrence, Inglaterra, (1885-1930)
* O Livro do Desassossego de Fernando Pessoa, Portugal, (1888-1935)
* Diário de um Louco e Outras Histórias de Lu Xun, China, (1881-1936)
* Romancero gitano de Federico Garcia Lorca, Espanha, (1898-1936)
* Mrs. Dalloway por Virginia Woolf, na Inglaterra, (1882-1941)
* Ao Farol de Virginia Woolf, na Inglaterra, (1882-1941)
* Ulisses, de James Joyce, Irlanda, (1882-1941)


(Sem dúvida faltam autores e obras, especialmente brasileiros e portugueses. Mas é uma boa lista para começar; deixe um comentário se você tiver sugestões para ampliar a lista!)

Se cada um desses livros de papel custasse R$ 10, o preço da biblioteca seria de R$ 600. Se quiséssemos incluir mais 40 obras, o preço chegaria a R$ 1.000,00. Inviável.

Mas com e-books e leitores digitais o custo é de apenas R$ 180. Supondo que o e-reader possa ser usado por três anos, é um investimento de R$ 6,00 por mês -- menos de 1% do salário mínimo, menos de 0.5% do salário médio brasileiro.

Ou seja: o livro digital pode democratizar de fato o acesso a um tipo de informação que antes era privilégio de poucos.

2012-02-08

How much Microsoft patents are really worth?

How much Microsoft patents are really worth?

Here's a small list of "features" that you'll find in any smartphone:

1. Activating the phone using a pin
2. Making emergency calls
3. Search engine integration
4. Making voice commands
5. Navigating the web
6. Writing emails
7. Geolocation (maps/satelite/navigation)
8. Buying things in a marketplace
9. Talking to friends via instant messager
10. Alarm clock
11. Calendar
12. Calculator
13. Taking photos
14. Reading news
15. Taking notes
16. Reading/editing texts
17. Recording sounds
18. Playing video
19. Playing music
20. Managing contacts
21. Making phone calls

etc.

All these ideas sound trivial? But each of them is covered by a number of patents. In fact, a typical smartphone is covered by 250,000 patents (Source: http://www.nytimes.com/2011/08/17/technology/a-bull-market-in-tech-patents.html?_r=1&pagewanted=all). If manufacturers paid $0.01 for each patent, smartphones would cost $2,500 -- and that wouldn't even include the manufacturing costs!

Thus, I think we can agree that patents *cannot* cost $0.01. At least the simplest ones.

Now, let's take look at the patents that Microsoft is using to get money from Barnes & Noble and other Android phone makers:


Patent #6,957,233: Making annotations in read-only documents

Patent #6,891,551: Highlighting and selecting elements of electronic documents

Patent #5,778,372: Quickly downloading documents from a browser


Read that again.

Microsoft thinks that making anotations in a read-only document (which implies saving the anotations in a separate file) or highliting and selecting elements from a document (which is done since the first text editors, 25 years ago) and downloading *documents* are so important features that Android manufactorers should pay a few bucks for each smartphone sold.

Remember: if manufacturers paid $0.01 for each trivial patent, smartphones would cost $2,500. That's simply impossible!

What would be a fair value of trivial and unimportant patents like these?

So... let's consider that the price of a smartphone is $800. If companies are supposed to pay, directly or indirectly, for each one of the 250,000 patents, the price for each one would be $0.0032. Let's make it $0.01 per license. (Microsoft deserves that.)

That would give Microsoft $0.03 per device sold. Is that fair?

Let's see: Android manufacturers are expected to sell 180 million devices per year, that three patents would give Microsoft a whooping $5.4 million per year.

That's enough to hire a team of 54 engineers. Do you think 54 engineers could possibly come up with more inovative ideas like "Making annotations in read-only documents", "Highlighting and selecting elements of electronic documents", and "Quickly downloading documents from a browser"?

Sounds like a good deal, unless Microsoft wants to use their patents in anticompetitive ways.

2012-01-06

Formando a próxima geração de hackers

Eu sou um defensor do uso da tecnologia aberta na educação.

Sei, por experiência própria, que crianças de 12 anos de idade estão aptas a aprender a programar. (Eu comecei nessa idade, usando um microcomputador de 8 bits e 256KB de RAM. (Isso mesmo, 256 quilobytes - naquela época ninguém falava em megabytes, que dirá gigabytes! :D).

Imagine se pudéssemos oferecer, para cada estudante, um computador e uma biblioteca de livros de computação?

A tecnologia de e-readers já está madura, e podemos encontrar e-readers a partir de $99 (R$ 183) com capacidade para armazenar milhares de livros.

E a Raspberry Pi Foundation criou a peça que faltava: um computador de $25 dólares (R$ 43) baseado em tecnologia ARM, que poderia facilmente ser distribuido para todas as crianças em idade escolar.

http://www.raspberrypi.org/

Hackers são auto-didatas. Eles não precisam de professores de informática; precisam de acesso a um computador e conteúdo.

Tablets como o iPad não são uma boa opção, pois são completamente fechados. A Apple chega ao ponto de proibir a inclusão de linguagens de programação no iPad!

O Raspberry Pi coloca a tecnologia aberta nas mãos de cada estudante, e incentiva a exploração e a curiosidade. E o e-reader permitirá que os jovens tenham acesso a toda informação que precisam.

Entre os livros que poderíamos disponibilizar estão alguns clássicos da computação, como estes:


Lisp/Scheme:

Common Lisp: A Gentle Introduction to Symbolic Computation
How to Design Programs
Interpreting Lisp (PDF, suggested by Gary Knott)
Let Over Lambda
On Lisp
Practical Common Lisp
Programming in Emacs Lisp
Programming Languages. Application and Interpretation (suggested by Alex Ott)
Structure and Interpretation of Computer Programs
Teach Yourself Scheme in Fixnum Days
Visual LISP Developer’s Bible (suggested by “skatterbrainz”)

Ruby:

Clever Algorithms (suggested by Tales Arvelos)
Data Structures and Algorithms with Object-Oriented Design Patterns in Ruby
Learn Ruby the Hard Way
Learn to Program
MacRuby: The Definitive Guide
Mr. Neighborly’s Humble Little Ruby Book (suggested by tundal45)
Programming Ruby
Read Ruby 1.9
Ruby Best Practices
Ruby on Rails Tutorial Book (suggested by tundal45)

Javascript:

Building iPhone Apps with HTML, CSS, and JavaScript
Eloquent Javascript
jQuery Fundamentals
Mastering Node

Haskell:

Implementing functional languages: a tutorial
Learn You a Haskell for Great Good
Real World Haskell
The Haskell Road to Logic, Maths and Programming

Erlang:

Concurrent Programming in Erlang
Learn You Some Erlang for Great Good

Perl:

Beginning Perl
Higher-Order Perl
Impatient Perl
Modern Perl (suggested by Gregory Brown)

Python:

Dive into Python
How to Think Like a Computer Scientist – Learning with Python
Invent Your Own Computer Games with Python (suggested by D)
Learn Python The Hard Way (suggested by Stephen Wyatt Bush)

Smalltalk:

Dynamic Web Development with Seaside
Pharo by Example (based on the next book in this list, suggested by Anonymous)
Squeak by Example

http://citizen428.net/blog/2010/08/12/30-free-programming-ebooks/


Além disso, o e-reader pode incluir centenas de obras em domínio público, da literatura brasileira e mundial. Não apenas européia, mas de toda a América Latina e da Ásia.

Estas são apenas algumas das razões pelas quais acho que chegou o momento de distribuir um e-reader e um computador de baixo custo para cada estudante brasileiro.

2011-08-18

Pelo imposto de renda progressivo

O megainvestidor americano Warren Buffett, o terceiro homem mais rico do mundo, escreveu um artigo muito interessante no New York Times, onde pede aumento de imposto para os mais ricos: "Parem de mimar os ricos".

O blog Tijolaço montou uma tabela interessante, para mostrar onde o Brasil se situa, na escala dos impostos mundial:



Ou seja: os brasileiros mais ricos pagam menos impostos do que os norteamericanos. E ainda reclamam!

Eu moro na Holanda, onde o sistema de imposto de renda é interessante.

O imposto vem em camadas, calculadas sobre o seu rendimento anual:

1) Para a parte do seu rendimento anual até €18,218: 1.85%
2) Para a parte do seu rendimento anual entre €18,219 e €32,738, 10.8%
3) Para a parte do seu rendimento anual entre €32,739 e €54,367: 42%
4) Para a parte do seu rendimento anual acima de €54,367: 52%

O importante é perceber que você paga impostos sobre as camadas, e não sobre a renda total.

Assim, se você tiver um rendimento anual de €18,219 -- que é um pouco mais do que o salário mínimo holandês -- seu imposto seria de 1.85% sobre €18,219; se o seu salário for €2000 maior, você paga os mesmos 1.85% sobre a primeira camada, e 10.8% de €2000.

Isso estimularia um sistema mais igualitário, uma vez que é mais vantajoso contratar três pessoas por €18,218 ( ~ €1500/mês ) do que uma pessoa por €54,367 ( ~ €4500/mês ).

Como seria este sistema, se fosse traduzido para reais?

1) Para a parte do seu rendimento anual até R$ 41 691: 1.85%
2) Para a parte do seu rendimento anual entre R$ 41 691 e R$ 74 919, 10.8%
3) Para a parte do seu rendimento entre R$ 74 919 e R$ 124 417: 42%
4) Para a parte do seu rendimento acima de R$ 124 417: 52%

Como você pode ver, muita gente que se diz "de classe média" no Brasil, com salários acima de R$ 10 mil/mês, que reclama do imposto de 27,5%, mas se enquadraria na camada dos mais ricos da Holanda.

Infelizmente, este tipo de mudança é muito difícil de ser implementado, pois mexe com privilégios arraigados. A melhor solução seria propor uma fórmula cujos parâmetros sejam variáveis ao longo do tempo. Dessa forma, ninguém precisa votar contra seus interesses imediatos; os efeitos só seriam sentidos ao longo das próximas décadas.

Aqui vai um outro exemplo de proposta que usa essa estratégia de mudança a longo prazo:

http://capitao-obvio.blogspot.com/2011/05/pela-vinculacao-do-salario-do-supremo.html

No exemplo acima a mudança não se daria no dia seguinte à mudança na lei; a regra estaria estabelecida, mas a mudança se daria em apenas 5% ao ano, ao longo de muitos anos.

2011-05-29

Curso básico de jornalismo manipulativo

CursoBasicodeJornalismoManipulativo

2011-05-10

Pela vinculação do salário do Supremo Tribunal Federal ao salário mínimo

Getúlio Vargas foi o responsável pela instituição do salário mínimo no Brasil. Sua instituição foi regulamentada pela lei nº 185 de janeiro de 1936 e pelo decreto-lei nº 399 de abril de 1938. O Decreto-Lei nº 2162 de 1º de maio de 1940 fixou os valores do salário mínimo, e foi nesse ano que ele passou a vigorar.

A nova constituição do Brasil de 1988 estabelece no capítulo II (Direitos Sociais) artigo 6 o direito de todo trabalhador a um
salário mínimo. A cláusula IV define o valor do salário como "capaz de atender a suas [do trabalhador] necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social". Esta cláusula também garante reajustes periódicos a fim de preservar o poder aquisitivo do trabalhador.

Baseado nesta premissa, o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulga o salário mínimo necessário para se cumprir o que a constituição estabelece.

Em 2010 o salário mínimo no Brasil foi estabelecido em R$ 545,00; o salário mínimo necessário, de acordo com o DIEESE, seria de R$ 2222,99; e o salário do ministro do Supremo Tribunal Federal, o mais alto do poder público, que serve de parâmetro para estabelecer o teto de remuneração de altos funcionários públicos, e é de R$ 26.723,13.

Ou seja: o salário do STF, hoje, corresponde a 49 vezes o salário mínimo; mas, de acordo com o DIEESE, o salário mínimo não poderia ser menor do que 12 vezes o salário do STF.

Esta petição tem como objetivo corrigir esta situação, estabelecendo o teto para o salário do ministro do STF em função do salário mínimo.

Esta diferença, que é de 49 vezes em 2011, deverá ser reduzida em 5% ao ano, de forma que seja de no máximo 47 vezes em 2012; 44 vezes em 2013; 42 vezes em 2014; e assim sucessivamente, de acordo com a tabela:

---------------
ANO Max/Min
---------------
2011    49
2012    47
2013    44
2014    42
---------------
2015    40
2016    38
2017    36
2018    34
---------------
2019    33
2020    31
2021    29
2022    28
---------------
2023    26
2024    25
2025    24
2026    23
---------------
2027    22
2028    20
2029    19
2030    18
---------------
2031    18
2032    17
2033    16
2034    15
---------------
2035    14
2036    14
2037    13
2038    12
---------------

Esta proposta não tem como objetivo ditar aumentos para o salário mínimo, o que só poderá ser feito de acordo com as possibilidades e circunstâncias da economia brasileira; o objetivo também não será impor reduções aos salários máximos; o objetivo da proposta é apenas estabelecer um teto para o aumento do salário máximo, em função do salário mínimo.

Acreditamos, com isso, pavimentar o caminho para que o Brasil se torne, ao longo das próximas décadas, uma sociedade mais justa e igualitária.

Assine a petição:

http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2011N9701

Atualização 2011/05/17: deixamos claro que a redução da diferença deverá ser de 5% ao ano; melhora nas conclusões finais.

2011-05-08

Ministra recebe diárias por fins de semana no Rio

Escândalo-tapioca ou deslize ético?

"Ministra recebe diárias por fins de semana no Rio

Ana de Hollanda ganha ajuda de custo, mesmo tendo imóvel na cidade; agenda inclui eventos fora de Brasília nas sextas e segundas

A análise das planilhas revela o hábito da ministra de marcar compromissos oficiais fora de Brasília, principalmente no Rio, às sextas e segundas-feiras, e receber a ajuda financeira não só pelos dias de trabalho fora da capital federal como pelos sábados e domingos não trabalhados.

Em quatro meses, Ana recebeu cerca de R$ 35,5 mil por 65 diárias, sendo que a agenda não registra compromisso oficial em, no mínimo, 16 desses dias. O custo em passagens aéreas foi de R$ 17,3 mil. A ministra ficou em Brasília em no máximo 4 dos 17 fins de semana desde a posse.

A ministra admitiu ao Estado ter recebido diárias em fins de semana no Rio sem agenda oficial, mas alegou que receber esse dinheiro sai mais barato para os cofres públicos que fazer nova viagem de ida e volta para Brasília. A ministra costuma fazer essa rota na sexta-feira à noite, marca algum compromisso e recebe a diária por todos os dias. Foi o que ocorreu, por exemplo, em dois fins de semana em janeiro e outros dois em abril.

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,ministra-recebe-diarias-por-fins-de-semana-no-rio,716236,0.htm

Seria mais caro ir e voltar a Brasília, diz Ana

Segundo nota da assessoria do Ministério da Cultura, informou ainda que a ministra teve reuniões não incluídas na agenda

Em resposta enviada ao Estado, a assessoria de imprensa do Ministério da Cultura argumentou que sai mais barato para a ministra Ana de Hollanda receber a diária por dias não trabalhados do que retornar a Brasília para refazer a rota.

A assessoria informou ainda que a ministra teve reuniões que não foram incluídas na agenda. Afirmou, também, que não existe previsão de devolução do valor das diárias.

Segundo a assessoria do ministério, Ana recebeu a diária do dia 9 de janeiro, um domingo, quando estava no Rio, porque "seria menos oneroso para a administração pública pagar uma diária (R$ 581,00) em vez de pagar uma passagem de ida e volta do Rio de Janeiro para Brasília (R$ 694,14 – valor pago pelas passagens emitidas)".

O mesmo, segundo explicação do ministério, teria ocorrido no fim de semana seguinte. "No dia 16 de janeiro, a ministra permaneceu no Rio de Janeiro, já que seria menos oneroso para a administração pública pagar uma diária e meia (R$ 871,50) em vez de pagar uma viagem de ida e volta do Rio de Janeiro para Brasília (R$ 903,24 – valor pago pelas passagens emitidas)", diz a resposta da assessoria. Argumento parecido foi dado para o pagamento relativo ao dia 10 de abril.

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,seria-mais-caro-ir-e-voltar-a-brasilia-diz-ana,716239,0.htm

Bastidores: Uma ministra isolada e em busca de apoio na classe cultural

Ana de Hollanda iniciou uma operação 'abafa' para apagar incêndios no Ministério da Cultura e conter o clamor por sua substituição

A ministra Ana de Hollanda iniciou uma operação "abafa" para apagar incêndios no Ministério da Cultura e conter o clamor por sua substituição. Em dois dias, houve um pedido de abertura de CPI por conta das denúncias de irregularidades no Escritório Central de Arrecadação de Direitos (Ecad), deputados petistas manifestaram desagrado com a condução da pasta e houve um aumento de quase mil assinaturas num manifesto contra a política cultural do governo.

A reação de Ana começou com uma reunião na quinta-feira com o deputado Alessandro Molon (PT-RJ), um dos descontentes com sua gestão, além do envio dos colaboradores mais próximos para interlocução com movimentos culturais e com o governo. Molon havia feito um pedido para que a ministra seja ouvida na Comissão de Educação e Cultura da Câmara a respeito de suas relações com o Ecad.

Na mesma quinta, o secretário de Políticas Culturais do ministério, Sergio Mamberti, esteve em São Paulo para uma reunião com ativistas. Tudo culminará com um encontro de artistas de São Paulo, na terça-feira, na sede da Funarte.

A comunidade artística paulistana está cética em relação ao encontro. O MinC enviou convite a "artistas, gestores, produtores, artesãos, sindicatos, cooperativas, associações, educadores e interessados em geral" para falar com a ministra na terça-feira, às 14h30, na Assembleia Legislativa."

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,bastidores-uma-ministra-isolada-e-em-busca-de-apoio-na-classe-cultural,716244,0.htm