A operação Satiagraha, que culminou, em julho deste ano, com a prisão do banqueiro Daniel Dantas, do ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta, e do investidor Naji Nahas (soltos em seguida, após controvertida decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que contrariou súmula do próprio Supremo), continua gerando desdobramentos polêmicos.
Após o afastamento do delegado federal Protógenes Queiroz, que chefiou a investigação, e ataques ao juiz federal Fausto De Sanctis (da 6ª Vara Criminal Federal, e que decretou as duas prisões dos acusados) por parte de alguns ministros do STF, agora o delegado corre o risco de ser denunciado e preso, enquanto o juiz pode ser afastado, "a pedido" de Daniel Dantas.
O afastamento do juiz De Sanctis está sendo julgado pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (São Paulo), após a defesa do banqueiro alegar que ele trabalhou "alinhado" com o delegado Protógenes e com o procurador da República Rodrigo de Grandis. O julgamento continuaria ontem, mas foi adiado mais uma vez. Segundo Protógenes, existiria uma articulação, comandada por Dantas, para afastar ou, no mínimo, condicionar De Sanctis, que deve sentenciar o processo ainda este mês.
Na semana passada, em julgamento de mérito do habeas corpus de Dantas no STF, os ministros Gilmar Mendes e Cezar Peluso criticaram o juiz, chamando-o de "insolente" e pedindo uma representação contra o mesmo. As críticas resultaram em indignação dos juízes federais de primeira instância, que reagiram contra os ataques.
O caso do delegado Protógenes é ainda mais complicado. Afastado da operação desde que Dantas foi solto duas vezes por decisão de Gilmar Mendes, o delegado passou agora de investigador a investigado. (...)
Apesar de investigar Protógenes por suposto vazamento de informações à imprensa, o inquérito contra ele, chefiado pelo delegado Amaro Ferreira, também foi vazado para as principais redações de são Paulo. As informações completas contidas no inquérito 24447/08 circulavam desde ontem pelos principais veículos, e sua publicação, acusa Protógenes, fornece mais munição para a defesa de Dantas. (...)
Enquanto o delegado que investigou e o juiz que aceitou as denúncias contra o grupo indiciado por Protógenes estão expostos na mídia, sendo investigados e criticados, a situação de Daniel Dantas, principal acusado no processo que corre na 6ª Vara Criminal Federal, saiu das manchetes."
Comentário óbvio: a Polícia Federal está trabalhando diligentemente para que tudo termine em pizza. Exceto para os investigadores.
Nenhum comentário:
Postar um comentário