2008-11-13

Spy vs Spy




"Em que pesem suas declarações públicas em busca de um esfriamento de ânimos, na segunda-feira o ministro da Justiça, Tarso Genro, recebeu duas cartas; uma do general-chefe do GSI, outra da Abin. No mesmo dia, Jorge Félix consultou o Advogado Geral da União, José Antonio Toffoli, sobre a hipótese de um mandado de segurança da AGU contra a ação da PF.

Terra Magazine apurou na AGU que a resposta seria positiva se a intenção prosperasse. Antes disso houve o envio da mensagem do general para o ministro da Justiça - cuja cópia a Abin também recebeu, e de cujo teor Terra Magazine trata agora. (...)

Na mensagem para o ministro da Justiça o general Jorge Félix alerta para a ausência de "necessidade" do ato praticado pela PF ao apreender computadores recheados de material reservado do serviço secreto brasileiro. Lembra o general em sua carta que um simples requerimento "administrativo" teria o mesmo efeito da intempestiva ação.

Na mensagem, Jorge Félix elenca os motivos que tornam gravíssima a ação da PF no caso. Não pela ordem de importância: expõe ao ridículo o serviço secreto do governo brasileiro ante seus congêneres no mundo.

(Aliás, entre certos adidos estrangeiros em Brasília; aqueles cuja nomenclatura apenas acoberta os serviços secretos, corre, movida a gargalhadas, a opinião de chefes do serviço secreto de Portugal quanto à sucessão de eventos. Como relatado aqui por Terra Magazine, no dia em que a PF fez a apreensão, chefes de espionagem de 9 países de língua portuguesa reunidos na Abin assistiram, pasmos, à ação.)

De volta à carta de Jorge Félix para Tarso Genro. O general discorre sobre a extrema dificuldade de se explicar, e convencer, os demais serviços secretos do mundo, do como e do porquê no Brasil um delegado com autorização de um juiz de 1.ª Instância tem o poder de esvicerar os segredos militares, políticos, comerciais e funcionais do Serviço Secreto.

Como explicar aos chefes e integrantes de outras agências de espionagem que os segredos, informações, listas de agentes e informantes, do Brasil e dos demais países, estão agora em posse de um delegado? Que basta isso para expor a todos.

E segredos estes sob os cuidados de uma Corregedoria, a da PF, de onde tem vazado mais informação para a mídia nas últimas 72 horas do que toda a informação que teria sido vazada nos 4 anos de investigação que culminou na Satiagraha. (...)

Em sua carta a Tarso Genro, já de amplo conhecimento na Abin, o general diz que não questiona o inquérito que apura responsabilidades anteriores ao caso de agora, mas questiona, isto sim, a ação da PF contra a Abin. (...)

Por trás de toda essa fumaça, à parte explicações jurídicas rocambolescas - em respeito à inteligência, por favor - os alvos são claríssimos.

Pela ordem: o delegado Protógenes Queiroz, e quem atira pouco se importa de verdade com seus acertos ou erros; o juiz Fausto de Sanctis, porque é ele quem vai produzir a sentença sobre Daniel Dantas & Cia; o chefe afastado da Abin, e também delegado, Paulo Lacerda, exatamente por ser ele Paulo Lacerda e ter a história que tem e, por fim, o alvo está mais acima. Bem mais acima."


O artigo completo está no Terra Magazine.

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