"BRASÍLIA - O provável indiciamento do delegado Protógenes Queiroz por suposta violação do sigilo funcional (vazamento) e o julgamento de um recurso que pode afastar o juiz federal Fausto De Sanctis agravam a crise que atinge a Polícia Federal e o Judiciário, facilitam a defesa do banqueiro Daniel Dantas e põem em risco o futuro das grandes operações de combate à corrupção.
Oficialmente, a direção da PF não se manifesta sobre o assunto. Nos bastidores trabalha em duas linhas: o fortalecimento da equipe de federais que trabalha em torno do Grupo Opportunity para salvar a operação e o aprofundamento das investigações em torno de Protógenes Queiroz.
– Está havendo uma inversão de valores e se isso continuar, com certeza haverá impacto nas futuras operações. Os delegados ficarão com receio e os poderosos vão se sentir estimulados a prosseguir nessa estratégia de desconstrução da imagem da Polícia Federal – disse ontem o delegado Marcos Leôncio de Souza Ribeiro, presidente da Comissão de Prerrogativas da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF).
Ele observa que o foco das atenções desviou-se, equivocadamente, para os investigadores e não mais nos supostos crimes do banqueiro.
A entidade não ignora deslizes cometidos por Protógenes no desfecho da Operação Satiagraha, mas alerta que as investigações que apanharam o banqueiro Daniel Dantas têm mais acertos do que erros.
– A operação é tecnicamente viável. O problema é que há desproporção na análise dos erros – diz Ribeiro.
Protógenes está para a Polícia Federal como o juiz Fausto de Sanctis para o judiciário: ambos atacaram um suposto criminoso com tentáculos nos três poderes e acabaram se transformando em pivôs um racha institucional. O delegado entrou em choque com a direção da PF e o juiz, com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes.
Incontrolável e polêmico, Protógenes virou um alvo de investigação com potencial de crise. Conhece profundamente as implicações do caso Daniel Dantas e, a interlocutores mais próximos, tem dito que se abrir o que sabe, suas revelações provocariam estrago no governo. É provável que os mandados de busca que devassaram seus endereços, na semana passada – mais que um vínculo ao vazamento de informações para a TV Globo – mirassem informações que, nos bastidores, ele diz controlar.
Além do inquérito que apura o vazamento, o delegado ainda deve responder a um processo administrativo. O resultado varia de uma simples advertência a recomendação pela sua demissão do serviço público."
Comentário óbvio: parece que tem muita informação sendo vazada, nesta investigação sobre os vazamentos da Satiagraha. Mas estes não serão investigados, pois o investigado da vez é Protógenes, que não tem "trânsito político" nem "facilidades" no Supremo.
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